No dia 18/11/2017, na sede do Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais-IHGMG, foi realizado o “I Seminário Mineiro de Genealogia”, que contou com a presença de mais de uma centena de pessoas, incluindo o Arcebispo de Mariana, Dom Geraldo Lyrio Rocha; familiares do escritor Fernando Sabino, bem como sobrinhos do Cônego Raymundo Octávio da Trindade, patrono da Cadeira n. 54 do IHGMG.

Na primeira parte do seminário, a pesquisadora Nilza Cantoni proferiu a palestra “Savino: de Ispani para Leopoldina. A origem italiana de Fernando Sabino”, que muito emocionou Bernardo Sabino, filho do escritor, e outros parentes dele que prestigiaram o evento.

Abordando o contexto histórico e econômico do final do século XIX, época na qual muitos italianos se estabeleceram em Leopoldina, Minas Gerais, Nilza Cantoni tratou da genealogia da família Savino (com “v”) desde a origem, em Ispani, na Província de Salerno, na Itália meridional; bem como das atividades exercidas pelo avô e outros parentes do escritor; além das relações comerciais e de parentesco dos Savinos com outras famílias italianas estabelecidas na região, tais como Pagano, Petrola e Apprato.

A palestrante ainda explanou sobre a ascendência materna de Fernando Sabino, que descende das famílias Souza Werneck, Correa de Lacerda, Souza Guarda e Chaves Cabral.

Outro interessante tema foi abordado pelo historiador e genealogista Carlos Eduardo de Almeida Barata, sobre o tema: “A genealogia como instrumento de identificação da mobilidade brasileira, em razão de eventos políticos e culturais”.

Numa verdadeira aula sobre história do Brasil, Carlos Eduardo de Almeida Barata discorreu sobre o fluxo migratório no território brasileiro, sob o ponto de vista genealógico, desde a época das Capitanias Hereditárias. Falou a respeito da importante presença de famílias castelhanas em São Paulo no período da União Ibérica; da grande expansão territorial decorrente das entradas e bandeiras; da invasão holandesa no Nordeste brasileiro, da inquisição no Rio de Janeiro, da expulsão dos Jesuítas, do ciclo do ouro em Minas Gerais e outros fatos históricos que influenciaram a movimentação de famílias por todo Brasil ao longo dos séculos. O palestrante também destacou as famílias mineiras que descendem de troncos paulistas e de pessoas que vieram de Colônia do Sacramento. Por fim, pontuou que o estudo superior foi vetor de mobilidade geográfica já na primeira metade do século XIX, com a implantação das Faculdades de Direito de São Paulo e de Olinda.

O seminário foi encerrado com expressivas homenagens ao Cônego Raymundo Octávio da Trindade (*1883  + 1962), ilustre historiador e genealogista mineiro, que residiu por longo tempo em Mariana, onde dirigiu o arquivo eclesiástico por mais de 20 anos, além de, em 1944, inaugurar e dirigir por 15 anos, o Museu da Inconfidência, em Ouro Preto.

Na ocasião, o presidente do Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais, Dr. Aluízio Alberto da Cruz Quintão, assinou ato de criação da “Medalha do Mérito Genealógico Cônego Raymundo Octávio da Trindade”, a ser concedida anualmente a pessoas físicas e jurídicas com reconhecidos méritos na pesquisa genealógica ou na preservação de acervo documental de importância para a genealogia.

Por ocasião do seminário foram outorgadas duas medalhas: uma para a Arquidiocese de Mariana, representada pelo Arcebispo Dom Geraldo Lyrio Rocha, e outra para o Cônego Raymundo Octávio da Trindade (in memoriam), entregue pelo associado efetivo Geraldo Barroso de Carvalho, titular da cadeira n. 54, e recebida por Márcio Barreto, sobrinho-neto do homenageado. Além disso, um exemplar da medalha foi destinado ao acervo do próprio Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais, recebido pelas mãos do associado efetivo José Francisco de Paula Sobrinho, presidente da Comissão de Medalhística e titular da cadeira n. 11 do IHGMG.

Na ocasião, os familiares do Cônego Trindade formalizaram a doação de livros e farta documentação do acervo do ilustre genealogista ao Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais.