Assessoria IHGMG

(fotos: José Lopes/IHGMG)

esq. para dir. Ivo Porto de Menezes, Joaquim Cabral Netto, Aluízio Alberto da Cruz Quintão, Celina Borges Lemos e Regina Almeida 

Em uma sessão marcada pelo carinho e reconhecimento, o Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais homenageou no último dia 22 de setembro, quatro pioneiros da preservação do patrimônio cultural em Minas Gerais. Comemorando, em 2018, datas especiais de nascimento, o IHGMG homenageou o centenário do fotógrafo Assis Horta e os 90 anos do ensaísta Affonso Ávila e dos arquitetos Luciano Amédée Péret e Ivo Porto de Menezes.

Joaquim Cabral Netto e Rogério Faria Tavares 

Ao início da cerimônia, o secretário-geral Joaquim Cabral Netto fez um discurso manifestando o luto e o pesar pelo incêndio no Museu Nacional e a perda de um dos maiores acervos ligados à pesquisa científica brasileira. A manifestação de Joaquim Cabral se somou à nota emitida pela presidência do IHGMG imediatamente após o incêndio, no dia 03 de setembro.

 

Em seguida, o presidente da Comissão História de Minas, associado Rogério Faria Tavares, disse sobre a importância da sessão do IHGMG em reconhecimento ao trabalho de profissionais com destacada trajetória no cenário cultural de Minas Gerais. E, para homenagear os pioneiros da preservação, a professora da Escola de Arquitetura da UFMG Celina Borges Lemos e o associado efetivo Adalberto Andrade Mateus apresentaram sínteses biográficas destacando as principais contribuições de cada um para a defesa do patrimônio cultural brasileiro. Na ocasião, a professora Celina Lemos representou o atual diretor da Escola de Arquitetura da UFMG, professor Maurício Campomori, onde os dois arquitetos homenageados tiveram atuação profissional.

 

Ivo Porto de Menezes entre o Presidente Emérito Wagner Colombarolli e o Secretário Geral Joaquim Cabral Netto 

 

Presente à sessão e visivelmente emocionado, o professor Ivo Porto de Menezes, que completou noventa anos em maio, recebeu calorosas palmas da plateia que ficou de pé reconhecendo a importante trajetória do professor emérito da Escola de Arquitetura da UFMG. O professor Ivo e os familiares dos demais pioneiros receberam das mãos do presidente do IHGMG, Aluízio da Cruz Quintão, um diploma reconhecendo os serviços prestados em prol da preservação do patrimônio cultural. A pesquisadora Cristina Ávila destacou a importância da cerimônia: "É uma grande alegria receber, em nome de meu pai, Affonso Ávila, essa honrosa homenagem prestada pelo IHGMG".  

 

Profª Celina Borges Lemos e Adalberto Andrade Mateus

Após as palestras, o coordenador do Centro de Memória da Medicina da UFMG, Dr. Luciano Amédée Péret Filho, disse sobre alguns trabalhos realizados pelo pai como a histórica restauração do teatro elisabetano de Sabará e a participação na descoberta do fóssil Luzia, na missão comandada pela pesquisadora Annette Laming-Emperaire, na década de 1970. 

 

Isnard Horta com o Presidente do IHGMG

Ao final da sessão, Isnard Horta, um dos responsáveis pela manutenção do acervo fotográfico do pai, apresentou uma mostra dos levantamentos realizados por Assis nas décadas de 1930 e 40, em Diamantina, e em Congonhas.

 

Conheça um pouco sobre a trajetória dos pioneiros da preservação:

 

 Assis Alves Horta (n.28/02/1918 – f.17/04/2018)

 

Nascido em Diamantina, Assis Horta foi um dos primeiros fotógrafos da cidade. Contratado para trabalhar no Serviço do Patrimônio Histórico Nacional (SPHAN) em 1937, Assis registrou o conjunto arquitetônico e urbanístico da cidade de Diamantina e os bens culturais de toda a região. Na década de 1970, a convite de Luciano Amédée Péret, fez parte da primeira equipe contratada para o recém-criado Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (IEPHA/MG). Sua obra esteve em evidência nos últimos anos com a realização de exposições e catálogos sobre as fotografias de trabalhadores da região de Diamantina na década de 1940. Tem sido crescente o interesse e a realização de estudos acadêmicos sobre a produção fotográfica de Assis Horta, cujo acervo é um dos mais importantes sobre o patrimônio cultural mineiro. 

 

Luciano Amédée Péret (n.07/01/1928)

Formado em Arquitetura pela UFMG em 1950, e como Urbanista em 1952, Luciano Amédée Péret foi um dos fundadores do IEPHA, sendo diretor-executivo entre os anos de 1971 a 79 e presidente entre 1979 e 1983. Entre seus trabalhos publicados estão Aleijadinho na Escola de Arquitetura e Casa de Ópera Teatro de Sabará. Foi responsável pelo primeiro tombamento realizado na instância estadual (Palácio da Liberdade) e responsável pela obra de requalificação do adro do Santuário do Senhor Bom Jesus do Matozinhos (Congonhas). Coordenou as principais obras de restauração realizadas nas décadas de 1970 e 80, em Minas Gerais. Foi diretor da Escola de Belas Artes e da Escola de Arquitetura da UFMG e associado efetivo do IHGMG onde ocupou a cadeira de número 79 (patrono Antônio Francisco Lisboa).

 

Affonso Celso Ávila (n.19/01/1928 – f.26/09/2012)

O poeta e ensaísta Affonso Ávila foi um dos responsáveis pela redação da lei nº 5.775, de 30 de setembro de 1971, que criou o IEPHA. Autor de um dos principais ensaios sobre o barroco, Resíduos Seiscentistas em Minas conquistou premiação nacional e alterou a perspectiva dos estudos sobre o século 18. Foi responsável pela fundação da revista Barroco, a mais importante sobre o tema, e pela criação da Fundação de Arte de Ouro Preto (FAOP). Em 1979, assumiu a Superintendência de Pesquisa, Tombamento e Divulgação do IEPHA, com olhares voltados à preservação do patrimônio cultural localizado em pequenos lugarejos e distritos. É um dos autores do livro Barroco Mineiro - Glossário de Arquitetura e Ornamentação, obra indispensável para os pesquisadores do patrimônio cultural.

 

Ivo Porto de Menezes (n.19/05/1928)

Um dos pesquisadores com maior trajetória profissional na área do patrimônio cultural em atividade até os dias de hoje, o professor Ivo Porto de Menezes trabalhou a partir dos anos de 1950 no SPHAN, na cidade de Ouro Preto. Na década de 1970, foi um dos primeiros colaboradores do IEPHA e assumiu a direção do Arquivo Público Mineiro. Um dos seus trabalhos de maior repercussão foi o que tinha por tema a pesquisa sobre as fazendas mineiras. Nos últimos anos, voltou sua atenção à preservação do patrimônio sacro, sendo um dos seus trabalhos mais recentes a identificação da participação de Antônio Francisco Lisboa no retábulo do Santuário de Nossa Senhora da Piedade, em Caeté. Na sessão doou ao acervo do IHGMG duas publicações recentes de sua autoria, uma sobre Antônio Francisco Lisboa e outra sobre o órgão  Arp Schnitger, da Catedral da Sé de Mariana. É professor emérito da Escola de Arquitetura da UFMG e foi associado efetivo do IHGMG, onde ocupou a cadeira de número 71 (patrono José Joaquim Viegas de Menezes).


Fotos dos homenageados:

Divulgação e Izabel Chumbinho/acervo Iepha/MG