Assessoria IHGMG

O associado efetivo do IHGMG e secretário de Estado de Cultura, Angelo Oswaldo, foi o orador da cerimônia que marcou os 240 anos do término da construção do santuário dedicado à protetora dos olhos - a virgem-mártir italiana Santa Luzia, na cidade de mesmo nome, na região metropolitana de BH. Durante a solenidade religiosa celebrada pelo vigário episcopal para as cidades históricas, padre Wellington Santos, foi iniciada a trezena dedicada a Santa Luzia – são treze dias de orações até o dia da padroeira, comemorado em 13 de dezembro.

 O templo foi o primeiro dedicado a Santa Luzia em Minas Gerais e é um dos santuários mais tradicionais, sendo um dos pontos mais antigos de peregrinação de romeiros do país. Foi tombado como patrimônio cultural do estado pelo Iepha-MG em 1976 e é um rico expoente da arte barroca com altares que expressam o estilo D. João V. Segundo o Guia dos Bens Tombados Iepha-MG, as características estilísticas dos altares, são sete ao todo, foram elaborados em duas etapas sequenciais: a primeira, entre os anos de 1745 e 1765, compreendendo a capela-mor e os altares laterais próximos ao arco-cruzeiro, que apresentam o estilo D. João V – também conhecido por estilo Brito por ter sido introduzido em Minas por Francisco Xavier de Brito. A segunda fase, incluindo as pinturas dos forros, foi realizada entre os anos de 1780 e 1820.

 De acordo com o pesquisador Edelweiss Teixeira (1909-1986), desde 1729 já funcionava a capela de Santa Luzia, mas somente em 1748 foi dada a autorização do bispado de Mariana para a criação da Irmandade de Santa Luzia. A bênção da então igreja matriz, localizada na rua mais importante do arraial – a Rua Direita – aconteceu no dia 13 de dezembro de 1778, e acelerou o processo de instalação da sede paroquial que era disputada com a igreja de Santo Antônio da Roça Grande, em Sabará. Em 1842, o santuário foi utilizado para a prisão dos revolucionários liberais liderados por Teófilo Otoni e, segundo Teixeira, "um grupo de 11 luzienses resistiu até o último cartucho".

 "A minha palavra é para expressar o reconhecimento da cultura de todas as mineiras e de todos os mineiros diante da importância histórica da cidade de Santa Luzia e deste marco de cultura e fé que é o seu santuário", disse Angelo Oswaldo que relembrou a trajetória de ocupação do território desde a pré-história, como pode se atestar a partir da descoberta de Luzia, o fóssil mais antigo das Américas encontrado na região. "Os 240 anos nos mostram que durante muitos anos, talvez por 20, 30 anos, a nossa comunidade luziense, de Santa Luzia do Rio das Velhas, tenha lutado para angariar recursos para empreender essa grande obra no século 18. Tudo foi feito com todo o empenho que só o engenho humano com sua arte, o espírito humano com sua fé pode realizar", assinalou o associado efetivo do IHGMG em seu pronunciamento destacando o símbolo identitário que o santuário representa para todos os luzienses.

 A celebração ainda teve a participação do pároco de Santa Luzia, Felipe Lemos de Queirós, do secretário municipal de Cultura, Ulisses Brasileiro, das monjas concepcionistas do Mosteiro de Macaúbas, localizado na cidade, e de representantes da Associação Cultural Comunitária de Santa Luzia, que restaurou integralmente o templo há 26 anos.

 


 

Fotos: Angelo Oswaldo na solenidade dos 240 anos do santuário de Santa Luzia (Carlos Dias/Facebook) e Santuário de Santa Luzia, expoente do barroco mineiro (Izabel Chumbinho/Iepha-MG)